27.5.10

How's “this” for muchness?

O assunto do email dizia algo como “velha, mas boa”.

“Durante a visita a um hospital psiquiátrico, um dos visitantes perguntou ao diretor:
- Qual é o critério pelo qual vocês decidem quem precisa ser hospitalizado aqui?
- Nós enchemos uma banheira com água e oferecemos ao doente uma colher, um copo e um balde e pedimos que a esvazie. De acordo com a forma que ele decida realizar a missão, nós decidimos se o hospitalizamos ou não.
- Entendi - disse o visitante. Uma pessoa normal usaria o balde, que é maior que o copo e a colher.
Não - respondeu o diretor - uma pessoa normal tiraria a tampa do ralo. O que o senhor prefere? Quarto particular ou enfermaria?”

E terminava com a frase “dedicado a todos que escolheram o balde”.
Danou-se. A palavra que pensei foi uma pouco mais agressiva, mas com o mesmo significado – não me encaixo nem em hospital psiquiátrico. Talvez no circo.

Eu pensei em pular na banheira. Dar uma bomba como fazíamos na piscina durante as férias de verão e depois provocar ondas até toda a água transbordar. Ainda gosto de fazer isso no terraço dos meus pais, não a bomba porque com tamanha profundidade eu quebraria o coccix, mas o maremoto: com os braços e as pernas esticadas vou e volto de uma borda à outra e com meus impulsos crio um Wet and Wild! Quando chove é mais legal, tempestade no mar revolto! Mas o normal é tirar a tampa do ralo.

Em mais uma manhã incomodamente sonolenta me arrastei para ligar a TV e assim algum barulho me manter acordada, e notei que o apresentador começou o jornal animado: “faltam quinze dias para a grande festa do futebol!”. Vi os jogadores saindo do avião, entrando no ônibus e o repórter em frente ao tapume que cobre o hotel, o piloto que tirou uma foto de dentro da cabine ao aterrissar, o ônibus não adesivado, nas ruas vizinhas ninguém circula. Como o homem pilota um vôo desses e não tira foto com os jogadores? Nenhum tinha pandeiro pra puxar um samba no caminho? Foi em 2002 ou 2006 que eles cantavam “Deixa a vida me levar”?

Lá nas férias de verão eu gostava de fazer concurso de pulos: nos jogávamos na água em pé como prego, girando como parafuso, de barriga, cambalhota, correndo de longe, no final do dia era um tal de pingar álcool nos ouvidos das crianças que não duvido que a prática tenha causado danos à nossa audição. Eu nunca mergulhei de cabeça. Não aprendi. Sempre achei lindo quem chega embalado, rasgua a água com as mãos e aparece lá do outro lado com um ar de refrescância. Eu sempre achei que não conseguiria, e parei de tentar.

O mais óbvio é tirar a tampa do ralo. Qualquer ser cerebrado pode tirar a tampa do ralo depois de arregaçar as mangas para não se molhar. Tirar a tampa é o esperado, óbvio. Sem graça pra quem acha que quando conhecemos alguém especial o mundo pára, que a felicidade é como um bode tocando violino. Quem quer de qualquer forma vibrar na Copa do Mundo então passa a seguir os convocados no Twitter, colecionar as figurinhas do álbum mesmo que todos já o tenham completado e marca uma visita-guiada ao Maracanã pra ver se isso desperta algum sentimento incontrolável que não seja medo. Quer sentir arrepios, teima que a vida é assim. Que precisamos nos afeiçoar a esses jogadores, torcer, é Copa do Mundo!

Futebol é legal por ser uma caixinha de surpresas.
Essa é velha, mas boa.

The Mad Hatter: Have I gone mad?
Alice checks Hatter's temperature.
Alice Kingsley: I'm afraid so. You're entirely bonkers. But I'll tell you a secret: all the best people are.
(Alice in Wonderland, de Tim Burton)

23.5.10

O vírus da pressão (um dedinho de prosa)


Sobre gripe suína e Lulu Santos, lá no Tribuneiros. E algumas mudanças por aqui para help me get my feet back on the ground.