23.8.08

Pergunte ao pó

Tem uns fios espalhados pelo chão da sala que não estavam previstos na decoração, eles acabaram ali pelo mesmo motivo que levou a mesa de jantar a virar escrivaninha e vice-versa. A internet wi-fi não funciona, logo, na minha casa come-se no escritório e trabalha-se na sala de jantar, onde tem ponto de telefone. Pra quem não queria que os talheres previsivelmente ficassem na primeira gaveta é até um bônus no quesito inovação, mas depois de três meses isso já deveria ter sido resolvido.
Acontece que nesse período tive outras preocupações como identificar se os barulhos agoniantes vinham de pombos ou ratos e me livrar deles, aprender a tirar o máximo proveito das comidas antes que elas virassem fungos gigantes e o maior desafio de todos – impedir que os bolinhos de poeira dominassem o apartamento.
Demiti o alergista, na equação de causa e efeito contratar uma empregada seria muito mais inteligente do que tomar bolinhas açucaradas em um quarto infestado de nojeirinhas cinzentas. O espanto é: por que ninguém contou isso antes? Fala-se sobre sabonete íntimo na TV e não sobre pés pretos por andar descalça na cozinha! Depois de descobrir que a poeira é composta por excremento de ácaros, a cada móvel que compro penso que vai ser mais um para arrastar na hora de lutar contra cocô de seres invisíveis.
Fico feliz ao ler que uma pessoa decidiu meditar depois de 20 minutos limpando os ladrilhos do banheiro “sem aceitar que aqueles mofinhos entre eles sejam normais”. Eu ainda não ando de touca em casa, mas já me questionei se todos aqueles fios de cabelo no azulejo branco são meus ou se a vizinha é cabeleireira e varre o lixo pra cá.
Lixo é outro drama universal que envolve diversos fatores – vou ao supermercado, compro comidas, ganho sacos plásticos. Tenho um daqueles puxa-sacos de pendurar na porta em formato de galo e meu galo está com obesidade mórbida. Resolvo aderir à campanha I am not a plastic bag porque nem a quantidade surreal de lixo que produzo diminui a barriga do galo, e olha que a rapidez com que a minha lixeira lota reforça a teoria de que a vizinha joga coisas aqui. Para facilitar, acabei com a lixeira do escritório. Uma pessoa com três lixeiras deve ser responsável por grande parte das mais de cento e cinqüenta mil toneladas de resíduos domiciliares coletados diariamente no Brasil. Agora só banheiro e cozinha, e mesmo assim o estoque de saquinhos plásticos já ameaça a circulação da área de serviço. Definitivamente eu sou uma ameaça ao planeta.

E ainda nem comecei a contar sobre como a máquina de lavar influencia meu figurino...




(to be continued)

18.8.08

I remember when I lost my mind

Anyone that needs what they want
and doesn’t want what they need
I want nothing to do with
And to do what I want
And to do what I please
Is first of my to-do list
But every once in a while I think about her smile
One of the few things that I do miss
But baby I‘ve got to go
Baby I’ve got to know
Baby I’ve got to prove it

Gnarls Barkley, there's life after Crazy

16.8.08

Se eu fosse marinheiro

Arrumar o armário era a forma mais boba de desapego, mas ela se desculpou assumindo que desprender-se de uma paixão unilateral poderia ser a fase 2.0 do processo. Era quase sempre por eles, um dia teria iniciativas e não meras reações, mas hoje cuidaria das calças baggy enfileiradas nos cabides. Valeria como exercício.
Já tinha prometido parar de fumar, e apesar de ter tomado a grande decisão enquanto acendia o último cigarro, jurou que quando terminasse com o próximo homem da sua vida partiria para outra sem mais amor ao romance do que ao ser amado. Enquanto isso, jogaria fora todos os objetos que não queria mais. O primeiro esforço seria não mais querer.

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