11.1.09

Quem sabe

Você não sabe que eu começo a ler o jornal pelos quadrinhos. Eu não sei se você come cebola. Não sei se você toma banho de manhã e você não sabe que eu abaixo o radio quando tem blitz. Que eu tomo mais leite que um bezerro recém-nascido, molho os punhos antes de mergulhar e que gosto da carne assada fria no pão quente. Não sei se o seu ar condicionado congela ou você prefere vento no rosto. Nunca pensei se você deixa a TV ligada enquanto está se arrumando. Você não sabe que é Paul, marguerita e meditação e não John, calabresa e missa. Que as chaves sempre somem na bolsa. Não sei se você deixa bilhetes pra empregada, não sei se você sempre repara, você nunca percebeu que eu tento não me importar. Você não sabe que eu canto I’ll let you stay with me if you surrender. Não sei se o molho é à parte, se pode ter rúcula na salada, se o bife é ao ponto. Nunca perguntei onde você estava quando o Senna morreu, você nunca reparou que eu não tomo chopp e que estaciono bem. Eu sei que você me tira do rumo, você sabe que eu respiro fundo.

Um comentário:

Tati disse...

eita mãe!
inícios...
bons frios na espinha de poder conhecer.
tensos frios na espinha de não saber...
boa sorte!
que as descobertas sejam prazerosas...
tenho um ímã de geladeira que quase se desfaz, mas não me desfaço dele. Diz:
"Que a diferença se insinue e se consagre ao invés do conflito." Esqueci de quem. Acho que Barthes.