8.4.08

Da sempre sua...

Olá,

Bom saber notícias tuas. Por aqui o inverno começa a dar uma trégua e permitir que coloquemos nossos corpos para fora sem milhares de camadas protetoras.
Essa não é pra mim uma situação nova, e ouso dizer que traição é somente um tabu que como tantos outros aos quais ficamos aprisionados por anos, uma vez transgredido, torna-se questão corriqueira como tantas que nos cercam sem gerar grandes dilemas. Não quero com isso confessar-me uma adúltera compulsiva nem tampouco pregar contra a fidelidade, somente aconselhar a todos que sofrem com culpas e desejos sacrificadamente contidos que sejam fiéis ao que sentem pelo outro, não às artimanhas de suas criações. Que questionem por que há no mundo – desde que ele é mundo – tantos casais infelizes e (por que não dizer?) vivendo sob o véu da hipocrisia.
Prefiro o risco de ir e voltar (ou não) ao condenante “felizes para sempre” que eu jamais poderia ter pronunciado caso soubesse que não poderia duvidar em nenhum momento de tal escolha. Duvido o tempo todo! Dias mais outros menos, mas tanto nesse como nos outros casamentos nunca tive por mais que algumas semanas seguidas a absoluta certeza de viver ao lado do único amor da minha vida.
Não sei se por não conhecer todas as pessoas do planeta e assim não poder testá-las ou por viver em constante mutação (como todos os sinceros), volta e meia paira sobre mim a interrogação: será que ainda amo tanto? Gostarei mais dele ou de sua presença? Sentirei falta do que ele é ou do que me causa? Poderia outro causar? Quando pode, e por prolongado tempo, separo-me e fico com o novo até o será voltar a rondar nossa cama, mesa e banho. Quando pode por pouco tempo, a volta é sempre inebriante e revigorante. E enquanto nenhum outro pode, feliz sou eu bem casada, bem amada e aberta a tudo que meu coração puder captar e meu cérebro não puder impedir.
É com ele sempre a minha batalha. O que sentimos sempre sabemos, sempre. Se queremos assumir ou não é outra questão. Portanto, querida, acho que respondi ao que me perguntaste. E se não foi bem isto que me perguntaste, perdoa-me. Talvez tenha dito tudo para lembrar a mim mesma.

Cuida de você que o mundo segue.
Um beijo...

3 comentários:

Paula disse...

Prego sempre a diferença entre fidelidade e lealdade. Quase sempre sou condenada por isso, e na maioria das vezes, por casais que são infelizes e "vivem sob o véu da hipocrisia". Sou solteira, talvez por opção, e não estou feliz assim. Quero dizer que "estou" solteira, mas me recuso a viver infeliz com alguém, sob o véu da hipocrisia...

bjs

P.S. - fiz um comentário no último texto tb

Anônimo disse...

Grande texto!!! Sutil.
bjs, Fernanda

Patricia Salamonde disse...

Me explica de onde surgiu?