27.7.08

Minhocas, meninas e cucharitas

A vida era fácil no paraíso. Adão marcava pelada com os amigos sábado à noite e Eva simplesmente acreditava, Eva se dava bem com os ex-namorados e Adão não ficava remoendo o fato (em nome da moral da história, finge que existiam esses figurantes). Um dia Eva tarrou uma maçã da árvore e aquela minhoca que fica nas frutas foi parar na cabeça dela, destruindo toda a harmonia do mundo. Nunca mais a vida foi leve e, apesar de toda a evolução da ciência, nem Freud descobriu como eliminar o bicho.
Ninguém mais conseguiu viver sem pensar nas consequências, sem fazer um congresso de minhocas para tomar qualquer decisão. Só que bons momentos não são burocráticos, eles passam. A minhoca é o “e se...”, o nó na garganta que às vezes vem até por antecedência, o diabinho que fica atrapalhando a felicidade e se alimenta de tudo que não se sabe. E não se sabe de quase nada.
Existe uma conquista que apesar de ser a small step for humanity é um big step para quem chega lá: é quando no meio de minhocas, incertezas, medos e especulações sentimos o gostinho do melhor lugar do mundo ser aqui e agora. E como sempre temos que voltar para a realidade, chegar à lua é acreditar que valeu a pena, senão a vida vira commodity.
Drummond escreveu: "a cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca. E, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade". Na falta de uma equação perfeita de vida, pode-se encarar o absurdo do imprevisto, arriscar ir em frente com o restinho de fé arrogante que ignora a minhoca.
Complementando Drummond, que piada, Sex and the City: “Have fun, just don't have amnesia”.
Originalmente publicado em Seu Martin I.

Um comentário:

Anônimo disse...

É Drumond sabe... , se não se acredita perde-se muito o que é bom. Siga em frente....ana