Eu menti sim. Editei a verdade a meu favor. Em um exercício de futurologia imaginei como você reagiria a todas as histórias e escolhi a que melhor me pareceu. Tenho um crédito pelo trabalho! Deveria sim ter economizado tanta especulação e sido simplesmente eu, mas garanto que foi bem mais fácil ter criado tantas hipóteses e investido em uma. Não por eu ser uma pessoa ruim, absolutamente, mas por já estar de tal forma acostumada a esse exercício que naturalmente ser é desgastante, exaustivo. Talvez você gostasse de mim sim, mas não dá. Achou que viesse aí uma explicação psicológica do motivo? Está vendo como sou surpreendente? E isso nem foi calculado, essa sou eu sendo bastante espontânea.
Ao pouco que você falou acrescentei o muito que percebi por aí e montei essa personagem, criatura bem legal, confessa. Adorável. São anos de estudo: livros, filmes, revistas, campanhas publicitárias, conversas abertas e entreouvidas, músicas, tentativas e erros de quando eu ainda arriscava, quase uma tese com extensa bibliografia! Deu em nada, não é? Só mais uma em vão.
Não foi por mal. Nunca tive a intenção malévola de enganá-lo, pelo contrário. Queria que você encontrasse tudo aquilo que sempre buscou na vida. Olha que presente! Queria ser sua mãe, a ausente que não impôs limites, sua amiga a te incentivar e dar mil motivos para rir, sua amante mais atenta, a filha desprotegida e mulher da qual se orgulhar. Acabei sendo nada, alguém que você nem sabe quem é. É ninguém, um pedaço de carne, coração dilacerado implorando atenção.
Não vou ficar muito tempo por aqui. Invento uma nova, me dá cinco minutos para retocar a maquiagem e pode chamar o público. O show tem que continuar.
3 comentários:
Sempre continua!
Pelo que entendi lendo aqui e lá...que doideira!
Enfim, acompanho seu trabalho há algum tempo e gosto muito e sempre de tudo.
Um beijo!
você é demais.
Bruna,
Tomei a liberdade de colocar um trecho de um texto seu na minha última postagem.
Devidamente creditado.
Qualquer problema, por favor, sinalize!
bj!
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