20.9.09

Keep Walking

É quase sempre assim: ali no cantinho direito o relógio avisa que se eu não for dormir agora amanhã vou me arrepender, e o silêncio da madrugada coloca as roldanas das minhocas para funcionar. O registro escrito é pura conseqüência. O amanhã chega sonado, mas a cada par de olhos que sorri ou se inunda ao compartilhar as palavras o arrependimento tem menos chance de existir. Ele nunca existiu.

Ouvi dizer que as comemorações são importantes para marcarmos nossos passos e interiorizarmos os feitos. São 4 anos hoje, e por mais bobo que às vezes meu cinismo faça parecer seria um desperdício não aproveitar a data para celebrar por termos vindo até aqui.

É mesmo uma exposição, as pessoas acham que tudo aconteceu. Não sei bem o que realmente aconteceu e o que invento, mas isso já é assim há mais anos do que completa agora essa idéia engraçada de publicar, então tudo bem. Minha cabeça insiste em criar histórias, é a realidade quem falha ao ser incapaz de acompanhá-las.

Estamos comemorando também o Ano Novo, e qualquer idéia de renovação ou pretexto para ajeitar o que está ruim me parece bem-vinda independente do mês e dos fogos. Com seu quipá na cabeça, da cabeceira da mesa, ele ensinou que parássemos para pensar no que temos feito, e brindou. Shaná Tová, que você seja inscrito no livro da vida.

Na minha história continuo achando que a felicidade é mais completa com um bode tocando violino, volta e meia há pausas para conversas de Brunas ao som de Strokes porque são muitos hard and twisted thoughts that spin round my head. Saio provocando quem estiver por perto para sermos todos loucos nesse hospício de portas abertas, assumo verdades que não são fraquezas e quando são tento me lembrar de pedir socorro. Cantando em verso e prosa amores e desamores e pulando tantos carnavais ficam mais leves e ricas as centenas de dúvidas e questões que mostram que a vida é para ser vivida com paixão para que até a saudade valha a pena.

Continuo andando, mesmo tendo percebido que o titulo original sumiu do blog. Foi uma evolução natural, quando reparei já tinha acontecido, vai ver a mensagem está tão presente em cada linha que seria redundante colocar uma faixa lá em cima. Mas não se preocupe, as pessoas comuns aqui retratadas continuam determinadas a terem vidas extraordinárias e fazerem seus próprios caminhos. Sabem que acontecimentos não fazem escolhas como se fossem extrínsecos a nós, como se a vida fosse indo tal qual um barco levado pela maré sem que tomássemos o leme. Somos a soma das nossas escolhas – não as grandes, enormes, que parecem definitivas, mas as pequenas e diárias, aqueles percursos que traçamos todos os dias e que só passam a existir no momento em que os criamos. Somos protagonistas, roteiristas e diretores desse filme (preciso, inclusive, renegociar o orçamento).

É dessa mesa, desse lado da tela, às vezes mera espectadora desse mundo, que vasculho um jeito de tornar tudo mais fácil. A solidão não é uma ameaça, é condição e até opção, mesmo que não pareça. A minha história não é um monólogo.

Puxa essa cadeira. Você mesmo! Como no jogo de buraco que a vez é sempre de quem pergunta “quem é agora?”, é exatamente você. Pede um Johnnie Walker para brindar.
Feliz ano novo!

3 comentários:

Julieta disse...

Feliz ano novo com fogos!!! Vamos brindar ao vivo?!

duran disse...

parabéns.

Dani disse...

Sempre que venho aqui, tenho vontade de te encontrar no Seu Martin, pedir uma bebida, umas torradas com brie e damasco e seguir com horas de muito papo. Parabéns por todos esses anos que sabemos são 31 e não 4! Ninguém chega aqui com apenas 4 anos ;-) bjs