27.10.06

Divas


Ainda não tinham inventado a escova progressiva. Elas sacudiam os cabelos levemente ondulados, muito bem penteados, quase sempre louros. Jamais mostravam um milímetro de raiz escura ou apareciam sem maquiagem. Não precisavam optar entre a luva e os anéis, as longas de cetim casavam perfeitamente com enormes diamantes nos dedos, combinados com brincos e colares. Nunca tinham ouvido falar no tal índice de massa corporal que ameaça as modelos de hoje, e abusavam de quadris largos, seios fartos, cintura de violão. Os saltos altíssimos alongavam as pernas que escapavam por entre as fendas dos vestidos glamourosos. Tinham olhos semi-cerrados e lábios brilhantes que sussurravam, a voz só se elevava quando batiam com os punhos nos peitos dos homens cheios de brilhantina. Estavam sempre envoltas pela fumaça dos cigarros nas piteiras e deixavam nos copos marcas de batom vermelho. Nada de gloss. Choravam em público, cantavam em público, dançavam em par. E tinham, principalmente, por trás da aparência de femme fatale, uma enorme vulnerabilidade e dependência daqueles homens que tentavam enlouquecer. Talvez fosse essa, mais do que os decotes, sua principal arma de sedução.
Em cartaz no Cine Tribuneiros, Gilda, estrelado por Rita Hayworth.

2 comentários:

Julieta disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Julieta disse...

falando em divas, me apaixonei completamente pela Marylin numa recente expo que vi dela, uma das últimas sessões de fotos que ela fez. e, por mais estranho que seja o comentário, que bunda é aquela????