6.12.06

As tais mil palavras


Artista plástica frustrada e designer sem nenhuma aptidão, só me resta transformar em palavras tudo o que quero expressar, passar a vida admirando obras de arte e pensando - O que Chagall escreveria se não pintasse como um sonho? A vantagem é que quadros e esculturas são mais generosos do que livros, cada um aprecia e entende o que lhe parece. O criador põe a obra no mundo e ela passa a ser de cada um por aquilo que representa subjetivamente. A Monalisa para você não tem nada a ver com o que teve para da Vinci, e isso é menos aprisionador do que as palavras.

Chego a ter uma certa raiva de existir o Photoshop e seus amigos, as técnicas rudimentares são muito mais bonitas. Mas é como a beleza de uma máquina de escrever versus a praticidade de um computador. Na faculdade de jornalismo eu ainda ouvia histórias de redações onde os repórteres cortavam e colavam suas matérias usando papel e cola porque não existia o delete. Eu amo o Ctrl + Z!

Mulheres pegando sol com chapéu de palha, crianças com vestido de casinha de abelha, homens de trench coat e artistas respingados de tinta em ateliês coloridos são exemplos de imagens glamourosas para mim. Mas já que o Photoshop existe, a brincadeira é ótima. A última do site Worth1000 foi promover um concurso para transformar obras conhecidas em peças publicitárias. O auto-retrato da Frida Khalo virou a campanha pela real beleza do Dove, uma obra cubista do Picasso reforça que a Crayola ajuda crianças a desenhar desde 1885, a Fed Ex sugere que poderia ter ajudado Van Gogh a enviar sua lembrancinha a Gauguin, e por aí vai.


A publicidade volta e meia recorre aos grandes mestres. Além de ser uma forma de mantê-los vivos e divulgá-los para quem não teria um acesso formal, é um prazer esbarrar com da Vinci depois de um vídeo bizarro qualquer do You Tube, por exemplo. O canal de notícias France 24 usou a criação da Monalisa para ilustrar seu slogan - Além das notícias. Veja aqui


E já que estamos falando em arte, vale destacar a exposição do Degas no MASP. Se ainda tivéssemos aviões no país eu iria a São Paulo só para ver as esculturas das bailarinas!

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu prefiro as bailarinas da Sônia Braga.
O slogan é sensacional!