A chuva tá caindo e quando a chuva começa eu acabo de perder a cabeça.
Encharcados como pintos molhados, estavam a Branca de Neve, a Porquinha, a Dança do Créu e a Joaninha esperando a comida chegar quando pegaram as toalhas das mesas do Bar Lagoa para se aquecer. Já se preparavam para a bronca quando o garçom se aproxima e decreta:
- Hoje pode tudo, é Carnaval!
E assim estava oficializada a folia nas terras de Momo. Bandeira branca, amor!
Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval.
- Sabe aquele cara com quem eu fiquei?
- Qual deles?
- O João.
- O que parece com o Nicholas Cage?
- Não, um outro. Ele disse que vinha para cá.
- E o que a gente vai fazer?
- Vamos esperar, o maluco ali disse que o bloco vai chegar aqui.
- Ah é? E depois?
- Depois vamos para outro.
Viemos do Egito e muitas vezes nós tivemos que rezar!
Bloco encerrado, corpos suados, sorrisos estampados, mortos computados, os organizadores dão por falta de um dos bonecos de dois metros contratados para divertir os foliões. Como pode um boneco de Olinda desaparecer na multidão? Vai bebum, alguém já guardou, você bebeu demais, rapaz. Maraca lotado, o teu cabelo não nega mulata: no meio da torcida, o bonecão é a sensação da Raça-Fla.
Pode me faltar tudo na vida: arroz feijão e pão, pode me faltar manteiga e tudo mais não faz falta não...
Agora eu era uma zebra, você um coelho, o de bigode uma gatinha e o mais alto uma borboleta de tubinho verde e asinha resistente à água. Se essa bóia não virar, eu chego lá na capa d'O Globo de domingo – “Foliões improvisam uma Arca de Noé e aproveitam o Carnaval sob a tempestade”. E a borboleta reza:
- Tomara que meu chefe não dê atenção às fotos.
Um comentário:
Ahahahahahahahahah!
Ai meu Deus!
Você não imagina... o jornal está em todos os lugares...
Beijo grande,
BorboletO Verde
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