Se não consigo me concentrar, essas vozes, onde foi o chão, porta, estou em pânico. Pânico. Fome porque é impossível comer, vontade de morrer. Sair correndo se tivesse força, cair no chão, por favor, me deixa ir embora, fugir pra longe daqui, desaparece. Queima esses jornais, rasga fotos, nome, menções que são mísseis. Sou engolida por um monstro gigantesco ou ferida com um punhal no meio do peito, esse maldito ponto que lateja como se tivesse prendido o dedo na porta. Não, por favor, de joelhos em súplica: não. Me sinto zonza. Não foi assim que descreveram os poetas, se existe música é trilha de terror, mil tubarões engolindo barcos a um relance da sua mão na dela. Sai! E cresce um ódio, bateria em você até me cansar e dormir. Rasgaria sua pele, exporia sua carne para mostrar um pouquinho do que corrói em mim. Se não precisasse depois acordar.
Se chorar adiantasse choraria por horas, dias, noites, gritos. Conversar, escolheria com cuidado entre todas as palavras do dicionário as que trouxessem você pra mim. Imploraria. Desenharia o tamanho do gostar e prometeria nunca te ferir. É isso? Tanta dor. Quando é bom? Se te trancasse em uma gaiola e alimentasse como meu você fugiria, eu temeria constantemente. Viveria em vigília, soldado a postos em guerra - contra quem? é em mim. Conseguisse, eu me mataria. Berraria até catapultar a parte tão infeliz. Fraca. Sem vergonha. Exterminaria cirurgicamente a sangue frio cada neurônio que reage a você nessa doença.
Engole esse choro e levanta a cabeça. Já. Não é ninguém, nada, não tem. Chega.
Não dá.
Um dia vai passar. Um novo dia.
Recolham esse trapo.
4 comentários:
Acho que a psiquiatra acertou na dose finalmente!
Que forte hein!
É reciclável?
Gostei muito! bjs
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