1.4.11

keep walking

Não é mentira: voltarei a escrever. Apesar de ter mais medo que a Regina Duarte, após ter acreditado no blábláblá freudiano de que as coisas precisam ser ditas, mesmo tendo exposto mais segredos do que o Wikileaks e sobrevivido a ataques piores do que o de xiitas anti-blogueiros e governos totalitários capitaneados por minha própria mente, voltarei a escrever.


Porque um dia uma me mostrou, pálida, a mensagem no celular enviada no frio da madrugada pelo potencial amor da sua vida daquele mês onde ele pedia desculpa, “sou meio bobo de vez em quando, não todas as vezes”, e fez-se imprescindível um meio público de combinar com o cosmos que nas vezes em que um certo alguém não for meio bobo, que ligue. Que não mande mensagem: ligue. Que se lembre de como fazíamos antigamente, dedos indicadores e não polegares com L.E.R., quando não tínhamos firewall SMSético para nos proteger ou "facilitar" a vida. Quando falávamos, tete-a-tete ou voz-a-voz, e já havia ruídos de comunicação, e antes da Oi complicar um pouco mais as coisas contrariando seu slogan de “Simples assim”. Que junte a esse engodo publicitário o da Nike e “just do it”. Ou cantaremos Cee lo green: fuck you.

Porque um dia o outro chegou ao meu lado, olhou pra tela do meu computador e balançou a cabeça compaixonadamente, se houvesse essa palavra. O fluxograma que eu montava no power point comprovava minha ascensão na empresa. Nos refastelamos nas cadeiras de rodinhas que promoveriam uma corrida sensacional naquele corredor enorme e concluímos que quando se opta pelo caminho da criatividade o segredo é jamais exceder as metas no trabalho: fatalmente a recompensa será o seu orgulho e a administração dos novos criativos, a partir daí denominados de “subordinados”. Tal qual um rei você ficará sentado pensando que o bobo da corte se diverte muito mais, e ninguém entenderá por que quanto mais brilhante nas atuações mais ele te deprime. Cortem-lhe a cabeça – já que cortaram a nossa. E decididos a investir em planos B passamos a pensar na história do garoto loser que desconfia ser o único no planeta sem o dom de ler pensamentos alheios. Penso no roteiro, ele faz rabiscos de ilustrações, a jornada de oito horas acaba.

Porque iremos viajar no verão.
Porque aqui o mundo não será cão.

3 comentários:

Unknown disse...

Touching, as usual...

Julieta disse...

então volta!!!

Lalol disse...

então volta (2)!!