2.6.07

Ligue os pontinhos

Nessa semana Steve Apple Jobs e Bill Microsoft Gates se encontraram em um debate sobre tecnologia, e eu não estava lá. Junto com os meninos do Google eles mudaram a minha vida, e deveríamos ser mais próximos.

Nas alfinetadas civilizadas falaram sobre a campanha Get a Mac, onde Mac e PC conversam sobre funcionalidades e diferenças. A cara do Bill Gates quando Steve Jobs disse que a idéia não é ser maldoso, mas que os dois personagens gostem um do outro, foi impagável. Os textos são brilhantes! (como cobaia do Windows Vista, às vezes rio para não chorar. Ok, vou comprar mais memória) Ele parecia pensar – ‘tudo bem, ponto para você. Me aguarde”. Os dois ali, calça jeans, milhões no bolso, I’m the king of the world, personalizam a idéia de que ter um adversário que te provoca uma risada e um ok, vamos lá, vou fazer melhor, pode ser o sonho de qualquer ser cerebrado. Desafios e admiração mútua.

Há cerca de dois anos Jobs discursou para os alunos de Stanford. “Isso é o mais perto que já cheguei de uma formatura”. Ele largou a faculdade aos 17 anos, em uma história que começou quando nasceu. O casal que deveria adotá-lo desistiu na hora H, e sua mãe biológica só aceitou os novos pais porque eles prometeram mandar o garoto à faculdade. Eram os segundos na lista e receberam a ligação no meio da noite: “Temos um menino inesperado, querem ficar com ele?”

Anos depois, a faculdade de Steve custava todo o dinheiro que os pais juntaram na vida, e ele não tinha a menor idéia do que queria fazer. Decidiu sair e confiar que tudo correria bem. “Foi bastante assustador na época, mas olhando para trás vejo que foi uma das minhas melhores decisões”. Porque ele ficava vagando pelo campus e dormindo no quarto de amigos, resolveu cursar caligrafia. Dez anos depois desenvolveu a tipografia do Mac, copiada pelo Windows, e hoje eu agradeço à professora de caligrafia do garoto inesperado. “Não dá para ligar os pontos olhando para o futuro, só para o passado. Acreditar que os pontos vão se ligar vai te dar confiança para seguir seu coração, mesmo que isso te leve para um caminho diferente do previsto”.

Logo depois ele montou uma empresa na garagem. Lançou o Mac. Tinha 30 anos. Foi demitido. Visões diferentes do sócio, a diretoria escolheu o outro, o cara tinha falhado e o mundo inteiro sabia. Era como se tivesse deixado cair o bastão que recebeu. Acabou. “Devagarzinho uma coisa começou a acontecer. Tinha sido rejeitado, mas continuava apaixonado pelo que fazia.” Não é tão simples como parece lendo, e o resto é historia: ele criou a Next, que foi comprada pela Apple e hoje é o coração da empresa, criou a Pixar, maior estúdio de animação do mundo, e formou uma família. “Como em todos os assuntos do coração, você precisa descobrir o que ama para trabalhar nisso. E vai saber quando encontrar”. Precisa repetir que foi o Steve Jobs quem disse isso?

De volta ao debate em que eu não fui. “I think of most things in life as either a Bob Dylan or a Beatles song”, e citou Two of Us para definir sua relação com Bill: “You and I have memories longer than the road that stretches out ahead”.

God! E eu escrevo isso em um PC…

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