24.1.10

Lost in translation

Aceito, é difícil ser brilhante todas as vezes. São muitos lançamentos que exigem diversos processos de rotina em uma equipe que não necessariamente está super envolvida com aquilo e um deles, só mais um na lista de coisas a serem feitas, é criar título em português. Se o filme tem nome de gente, danou-se, na melhor das hipóteses acrescentam um complemento explicativo para mongol, mas normalmente avacalham tudo.
Eles mudam os cartazes. Obviamente por trás dessa decisão existe um estudo de marketing provando a necessidade de se adaptar a imagem do filme à cultura local e eu não sei se são criadas varias opções de cartazes ou cada escritório regional tem carta branca para adaptar a seu gosto, mas pessoalmente gostaria de sempre olhar um cartaz aprovado pelo diretor - quem imaginou aponta a figurinha. É dar tiro no meu próprio pé pregar a liberdade artística em prol das decisões executivas visto que parte do meu trabalho consiste em meter o bedelho na obra alheia, mas aqui sou só uma menina sentada na frente de um computador pedindo aos distribuidores de filmes mais atenção.
Não são monstros (inclusive, achei-os fofinhos!). É “onde estão as coisas selvagens”. Não entendeu o tag line? (o slogan do filme) Não entendeu o filme? Como se não bastasse tudo o mais, percebo que tradução também é complicado.
Você pode colocar seres azuis correndo em uma floresta em 3D para pregar o bem, pode filmar a história de um menino abandonado que se torna rei de seres peludos e grandes com medo da solidão, ou simplesmente andar com um cartaz na rua escrito: eu estou te vendo, está tudo bem. É o que as pessoas sentadas naquela sala escura precisam, mesmo as que só vão ao cinema ver Velozes e Furiosos. Mas algumas não vêem tão claramente. Ou vêem e saem correndo (o “monstro” explicou, nem sempre reagimos como queremos).
Encontro-me em uma fase complicada com as palavras, dificuldade de exatidão. Sofrer em inglês é quase mais fácil se você já passou maior número de horas assistindo a produções made in Hollywood do que ficção na TV aberta, porém é preciso um esforço extra por parte dos encarregados na função de encontrar o nome certo para o que está ali. Se você errar a palavra que define a coisa o outro pode não entender, e aí a historia foi em vão. Se é que existem histórias em vão.
Existem em cartaz Where the wild things are e Up in the air. Don’t miss it.

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