7.11.06

Todas as pessoas que não existem

Tudo o que eu não pude ter sempre ganhou seu semblante macabro no horizonte e tudo o que eu pude ter sempre chegou pequeno e podre por não ser você.
Eis que finalmente dou de cara com a sua cara. Perdido, sorrindo além da conta como sempre, com todos os fios da sua cabeça devidamente moldados e no lugar. Com todas as emoções enquadradas e sem nenhuma poesia ou mistério na aura. Então era isso? Só isso? Fico sem saber por quem afinal sofri todo esse tempo.
Só sei que vou continuar sofrendo, vou continuar emprestando a sua existência para dar cara à minha dor, à minha espera, ao meu intuito final. Definitivamente não é você que eu amo, nunca foi. Eu amo essa coisa, essa falta, essa negligência, esse fim, esse tormento, esse vácuo, essa saudade, essa angústia, esse vazio, essa certeza, esse encontro. Eu amo usar as pessoas como hospedeiras desse meu vírus de amar sem saber o que, sem saber se existe, sem nem saber se é amor.

Tati Bernardi, em teaser para meu futuro texto "I see dead people".

2 comentários:

Anônimo disse...

Pq vc não experimenta mudar o foco do amor? Em vez de por um ser imaginário, experimente ser uma pessoa apaixonada pela vida, por seus amigos, por você !! Quem sabe ai o seu vírus não vira cura para os vírus dos outros?

Anônimo disse...

bruno interpretando bruna.
insight?